Tuesday, June 10, 2008

Oh Senhor Presidente...

Sua Excelentíssima o Senhor Presidente da República Portuguesa, o Professor Doutor Cavaco Silva, no habitual discurso do 10 de Junho, esqueceu-se que estava em Viana do Castelo, cidade que este ano acolhe as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e pensou estar num comício de um qualquer partido da extrema-direita mais reaccionária, ao referir: “Hoje eu tenho de sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal (...)”.

Só vejo duas razões para isto ter acontecido, e uma delas deixa-me bastante preocupado…

A primeira que me ocorre, e aquela que mais me inquieta, é a possibilidade de o Senhor Presidente, ou Senhor Silva para alguns amigos insulares, padecer de um daqueles sindromas de múltiplas personalidades, e ter-se esquecido de tomar a medicação antes do discurso. Se for este o motivo para a utilização de expressões próprias de um dirigente político do Estado Novo, eu estou disposto a abrir uma conta para que todos possamos contribuir para um tratamento em Cuba! É que se o Senhor Presidente ficar à espera do Serviço Nacional de Saúde, ainda acaba a fazer saudações braço no ar nas visitas de estado!

Mas se calhar não é assim tão grave, e o nosso Presidente continua, se bem que num estilo mais exuberante, a contribuir para congregar os portugueses: os da extrema-esquerda agregam-se todos contra o Presidente, e os da extrema-direita veêm, finalmente, um reflexo da ideologia que defendem num discurso de um Chefe de Estado do pós 25 de Abril!

Força PORTUGAL!!!

Friday, May 23, 2008

Olho Vivo



ou "Get Smart", no original.

"(...) Agent 86 for CONTROL, with a great deal of help from his competent partner Agent 99, battles the forces of KAOS."

"Senator: Mr. Smart, how many arrests did Control make last year?
Maxwell Smart: I don't know.
Senator: Who's the number one man in your organization?
Maxwell Smart: I don't know.
Senator: How many cases were assigned to Control last year?
Maxwell Smart: I don't know.
Senator: What would you do if you were fired, Mr. Smart?
Maxwell Smart: They can't fire me. I know too much."

Evil One (aka Malefikum), do you know what i mean?

Monday, March 17, 2008

Em Bom Português


Antes de ir trabalhar, normalmente, ligo a televisão. Acerto quase sempre na RTP1, e lá vou apanhando trechos das primeiras notícias de Portugal e do mundo, as dicas sobre o tráfego automóvel de Lisboa e Porto, a revista de imprensa, a meteorologia, o Minuto Verde, e, como não podia deixar de ser, a rubrica, que já começa a ser referência da televisão pública: o Bom Português. Tenho aprendido imenso com este programinha cheio de curiosidades linguísticas, baseada no conceito "ora toma lá que também não sabes!" A última questão, levantada neste espaço, que me suscitou especial interesse foi:

Na frase: “Vou à aula de Anatomia”, Anatomia escreve-se com maiúscula, ou com minúscula (anatomia)?

Depois de colocar a pergunta a ilustres desconhecidos, e desprevenidos, evidenciando-se a mestria de uns, e a má sorte de outros, lá surge uma voz muita segura e professoral:

“Escreve-se Anatomia, com maiúscula, porque é regra quando se designam ciências ou artes que se ensinam. Assim se escreve, em Bom Português!”

Foi, de facto, uma lição para a vida... Até porque me fez logo perceber que, por exemplo, Caciquismo também se escreve com maiúscula! Não tenho a certeza que se possa considerar uma ciência, mas é por certo uma arte, e existem alguns Mestres em Caciquismo, que tanto têm a ensinar aos aspirantes que por aí vão aparecendo.

Monday, February 25, 2008

Ah Leão!


Camaradas e Amigos,


Já decidi! E não abro! Vou candidatar-me a Secretário-Geral do Partido Socialista. Meti esta na cabeça! Podia ter-me dado para pior! (Ainda pensei em concorrer a presidente do clube de fãs da Ana Malhoa… Isso sim seria arrojado…)


E nem vale a pena mandarem com aquela da falta de experiência, porque até posso ter cara de miúdo, mas rodagem não me falta – cheguei a tesoureiro dos juniores quando andava nos escuteiros, e digo-vos já que não é mesmo nada fácil decidir entre comprar conservas Ramirez ou La Piara!


A formação? Sou licenciado pah! O resto é conversa… Ah! Já me esquecia: ando a fazer o curso de línguas do DN, e as reuniões com os camaradas congéneres de outras nações, vão ser Pinãts!


Quanto a apoios, sei que sigo com grande vantagem em relação aos meus adversários, sejam eles quais forem, e nem a candidatura do camarada Tino de Rans me faria amedrontar. Três dos sete militantes da Secção de Matacães já me expressaram, após a ingestão de 4 garrafas de vinho branco do Bombarral, o seu apoio convicto. E um dos mais históricos camaradas de Travancas, que já conta com 7 meses e meio de militância, também afirmou, para quem quis ouvir, lá na tasca do Xico Zé, que não conhece melhor candidato que eu, até porque não tem televisão, e a telefonia só apanha estações de rádio espanholas.


Vou apresentar a minha candidatura em local e data a estipular, estando, contudo, confirmadas as presenças do Romano Prodi, do José Luís Zapatero, e do António Guterres! (Eu endossei os convites, para umas moradas que encontrei na Internet… Nenhum deles respondeu. Quem cala consente!)


Até lá.

Monday, January 14, 2008

“Quem tem telhados de vidro, não atira... laranjas!”


O dr. Luís Filipe Menezes dá mostras de que vai ser um líder diferente... Muitos esperaram, e continuam certamente a alimentar essa hipótese, que se possa perfilar como líder de uma oposição mais sólida, coerente e capaz.

Mas para já, coerência nem vê-la!!!

O dr. Menezes, e todo o staff laranja, acusam ostensivamente o eng. José Sócrates de condicionamento de liberdades durante o exercício do poder. Não obstante, o Pediatra Menezes vem agora avisar os seus colegas de Partido que quem é contra a sua liderança e não o admitir publicamente, não tem entrada nas listas para as eleições legislativas, autárquicas e/ou europeias. Mas como é que se conseguirá identificar os militantes opositores se eles não o admitem? Vai contratar o professor Bambo? Levá-los à máquina da verdade? Fazer-lhes cócegas na planta dos pés até haver confissão? Vai ser cá uma laranjada!

Tuesday, December 25, 2007

Simplesmente Lynch!


Neste meu post vou abordar pela primeira vez, neste blogue, um tema pelo qual tenho especial interesse, o Cinema.

Não quero dar uma de pseudo-intelectualóide (hiii, alguém chama a camarada Edite Estrela?), mas já há algum tempo que as produções mega comercialonas (duas…) me irritam um bocado… Tou farto das cedências artísticas da maior parte dos realizadores e argumentistas às grandes produtoras, que mais não fazem senão sustentar com grande sucesso, através de um controlo “absolutista” dos produtos que subsidiam e promovem, uma industria que movimenta milhões. Será legítimo? Talvez… Mas eu é que não tenho que “levar” com essas tretas. Pouco me interessa se o filme do realizador mais badalado do momento consegue as maiores vedetas, e tem o efeito especial “último grito”, quando dá perfeitamente para perceber que foi tudo muito bem cozinhado para agradar às "massas"! Se quiser estupidificar, não preciso que me mostrem o caminho… Felizmente ainda tenho a inteligência mínima que me permite emburrecer (e vão três… eh eh!) sozinho. Quando se chega ao cúmulo do ridículo de pentear e maquilhar personagens da Roma antiga como se tivessem acabado de entrar numa festa temática da Revista Caras; quando se privilegiam cenas de violência brutais, e gratuitas, em prol de, por exemplo, imagens de sexo, e ainda conseguem que os ministérios da cultura (ou equivalente) de cada país os classifiquem para todos os públicos; quando só se contratam actores e actrizes, a maior parte das vezes medíocres, obedecendo à lógica do fascismo estético instituído… apetece-me passar um dia inteiro a ver televendas!

Mas ainda existem boas excepções.

O cinema independente e de autor, e até algumas produtoras europeias, lá vão salvando a “honra do convento”. E eu pude confirmar isso mesmo depois de ver uma obra cinematográfica que não pode deixar ninguém indiferente! O último filme do David Lynch, “Inland Empire”. Já sou fã dos filmes deste senhor há muito tempo, e por isso, sou particularmente tendencioso na minha análise…, e, portanto, vou só seguir a linha editorial que delineei quando criei este espaço!

Fui à FNAC e larguei € 22,99 pelo DVD. Como é do Lynch, permiti-me a este excesso… Ainda para mais é a “edição especial para coleccionador”, que é a única disponível neste momento no mercado português – e fiquei um tanto quanto revoltado com isso. Mais uma vez um aproveitamentozinho (quatro!)… O consumidor deveria ter a possibilidade de poder adquirir a versão básica, e poupar uns trocos! Assim devem acabar com os downloads ilegais! Ah devem, devem! Adiante…
Já com a obra em meu poder, transportei-a com todo o cuidado até casa, e… Não o pude visionar de imediato! Não estavam reunidas as condições. Ver um filme do Lynch deve ser um momento solene, e havia demasiado barulho, demasiada agitação no meu prédio. Fui dormir. Acordei no dia seguinte três horas antes do normal para uma jornada de trabalho! Eram pouco mais de cinco da matina, e nessa altura sim, o ambiente estava propício. Coloquei o disco com todo o cuidado no leitor, e lá me acomodei no meio do edredão e de um cobertor. E aí começou a experiência… E que experiência visual, sonora, mas sobretudo cerebral! De cena para cena estava cada vez mais perdido num enredo cheio de "portas de entrada", mas nenhuma de saída… e fui captando os vários ambientes do filme, uns de luz negra e assustadora, outros glamorosamente perversos, e outros ainda, estranhamente divertidos, mas todos ligados por qualquer coisa inerente a todos eles, e que não se percebe o que é... Mas não há mal nenhum nisso! Depressa conclui que não era suposto perceber, só sentir. Sentir e gozar todas as cenas, todos os pormenores interpretativos e cénicos, todos os sons inesperados e violentos, todos os silêncios pesadamente densos e desconfortáveis. É um filme que abdica, em larga medida, de contar uma história nos moldes habituais, e que se dedica sobretudo a obrigar o nosso cérebro a ter dúvidas, e caminhar para zonas desconhecidas… Excepcional!