Neste meu post vou abordar pela primeira vez, neste blogue, um tema pelo qual tenho especial interesse, o Cinema.
Não quero dar uma de pseudo-intelectualóide (hiii, alguém chama a camarada Edite Estrela?), mas já há algum tempo que as produções mega comercialonas (duas…) me irritam um bocado… Tou farto das cedências artísticas da maior parte dos realizadores e argumentistas às grandes produtoras, que mais não fazem senão sustentar com grande sucesso, através de um controlo “absolutista” dos produtos que subsidiam e promovem, uma industria que movimenta milhões. Será legítimo? Talvez… Mas eu é que não tenho que “levar” com essas tretas. Pouco me interessa se o filme do realizador mais badalado do momento consegue as maiores vedetas, e tem o efeito especial “último grito”, quando dá perfeitamente para perceber que foi tudo muito bem cozinhado para agradar às "massas"! Se quiser estupidificar, não preciso que me mostrem o caminho… Felizmente ainda tenho a inteligência mínima que me permite emburrecer (e vão três… eh eh!) sozinho. Quando se chega ao cúmulo do ridículo de pentear e maquilhar personagens da Roma antiga como se tivessem acabado de entrar numa festa temática da Revista Caras; quando se privilegiam cenas de violência brutais, e gratuitas, em prol de, por exemplo, imagens de sexo, e ainda conseguem que os ministérios da cultura (ou equivalente) de cada país os classifiquem para todos os públicos; quando só se contratam actores e actrizes, a maior parte das vezes medíocres, obedecendo à lógica do fascismo estético instituído… apetece-me passar um dia inteiro a ver televendas!
Mas ainda existem boas excepções.
O cinema independente e de autor, e até algumas produtoras europeias, lá vão salvando a “honra do convento”. E eu pude confirmar isso mesmo depois de ver uma obra cinematográfica que não pode deixar ninguém indiferente! O último filme do David Lynch, “Inland Empire”. Já sou fã dos filmes deste senhor há muito tempo, e por isso, sou particularmente tendencioso na minha análise…, e, portanto, vou só seguir a linha editorial que delineei quando criei este espaço!
Fui à FNAC e larguei € 22,99 pelo DVD. Como é do Lynch, permiti-me a este excesso… Ainda para mais é a “edição especial para coleccionador”, que é a única disponível neste momento no mercado português – e fiquei um tanto quanto revoltado com isso. Mais uma vez um aproveitamentozinho (quatro!)… O consumidor deveria ter a possibilidade de poder adquirir a versão básica, e poupar uns trocos! Assim devem acabar com os downloads ilegais! Ah devem, devem! Adiante…
Já com a obra em meu poder, transportei-a com todo o cuidado até casa, e… Não o pude visionar de imediato! Não estavam reunidas as condições. Ver um filme do Lynch deve ser um momento solene, e havia demasiado barulho, demasiada agitação no meu prédio. Fui dormir. Acordei no dia seguinte três horas antes do normal para uma jornada de trabalho! Eram pouco mais de cinco da matina, e nessa altura sim, o ambiente estava propício. Coloquei o disco com todo o cuidado no leitor, e lá me acomodei no meio do edredão e de um cobertor. E aí começou a experiência… E que experiência visual, sonora, mas sobretudo cerebral! De cena para cena estava cada vez mais perdido num enredo cheio de "portas de entrada", mas nenhuma de saída… e fui captando os vários ambientes do filme, uns de luz negra e assustadora, outros glamorosamente perversos, e outros ainda, estranhamente divertidos, mas todos ligados por qualquer coisa inerente a todos eles, e que não se percebe o que é... Mas não há mal nenhum nisso! Depressa conclui que não era suposto perceber, só sentir. Sentir e gozar todas as cenas, todos os pormenores interpretativos e cénicos, todos os sons inesperados e violentos, todos os silêncios pesadamente densos e desconfortáveis. É um filme que abdica, em larga medida, de contar uma história nos moldes habituais, e que se dedica sobretudo a obrigar o nosso cérebro a ter dúvidas, e caminhar para zonas desconhecidas… Excepcional!
Tuesday, December 25, 2007
Simplesmente Lynch!
Tuesday, December 18, 2007
O Homem Invisível
"O homem invisível decidiu dar cabo de mim
A sua presença é um convite permanente para a depressão
Estou sempre à espera de mais algum dos seus golpes baixos
Empurra-me para labirintos donde não há evasão
Ele já sabe há muito tempo que eu não posso detê-lo
Já sabe há muito tempo que eu não tenho meios para o apanhar
Sou eu quem dá a cara
Quem desperdiça a força que ele acaba por neutralizar
O homem invisível foi uma péssima invenção
Vive à custa do meu mal e não tem nada de bom para dar
E embora, às vezes, ele faça aliciantes promessas
Nenhuma delas até hoje me conseguiu acalmar
Eu sou apenas mais um entre os seus milhões de vítimas
Muitos já tentaram dar-lhe a volta, atirá-lo ao chão
Mas toda a gente falha
São todos contaminados pela sua má vibração
O homem invisível já é velho e cheira mal
Extremamente imoral, é capaz de vender a própria mãe
Não acredita no sonho, o seu amor é o dinheiro
E vive no terror constante de perder o que tem
Talvez eu nunca mais chegue a ver-me livre do monstro
Mas enquanto ele anda aí também vai ter que me aturar
Enquanto eu tiver voz
E algum sangue nas veias ele não vai conseguir descansar"
Saturday, November 17, 2007
Frase do dia
Thursday, November 1, 2007
The Best Is Yet To Come
Versão interpretada por Michael Bublé, da composição de Cy Coleman e letra de Carolyn Leigh.
Sunday, October 28, 2007
Wednesday, October 24, 2007
O Highlander Português
Thursday, October 4, 2007
Princípio de Peter
Saturday, September 22, 2007
Curiosidade do fim-de-semana
Thursday, September 13, 2007
Pensamento do dia
Saturday, September 8, 2007
Especulação
Monday, August 20, 2007
Toda a gente sabe
“Everybody knows that the dice are loaded
Uma delícia, não é?
Monday, August 6, 2007
É mesmo uma boa solução!
Sunday, July 29, 2007
Mão Morta, Mão Morta, vai bater àquela porta!
Tuesday, July 17, 2007
Boa Estratégia!
Será uma antítese ou um oxímoro? Isto das figuras de estilo é uma complicação do camandro! Mas em campanha eleitoral dá cá um jeito... É forma de agradar a Gregos e a Turcos! Ups! Disparate...
Thursday, July 12, 2007
Ignóbil-Segurança
É caso para dizer, como Arnaldo Baptista e Rita Lee escreveram, e Ney Matogrosso canta: “Eu juro que é melhor / Não ser o normal / Se eu posso pensar que Deus sou eu”.
Wednesday, June 20, 2007
Tuesday, June 19, 2007
Ai a QUERCUS...
Thursday, June 7, 2007
A Turquia, e os seus petizes…
O “Comité da União e Progresso”, normalmente conhecido por “Jovens Turcos”, foi uma facção que, já perto do fim do Império Otomano, em 1908, tomou o poder em Istambul. Este grupo tinha o objectivo de transformar o Império num estado unificado, baseado nos padrões ocidentais. A sua estratégia passou por enfatizar a política secular e o nacionalismo, em detrimento do Pan-Islamismo (movimento religioso e político que procura reunir num só estado todos os povos de religião muçulmana), estimulada pelo líder deposto, o Sultão Abd al Hamid II.
Um conhecido “Jovem Turco” foi Kemal Atatürk, que viria a ser fundador da República da Turquia, em 29 de Outubro de 1923. Apesar de formalmente ter sido instituída uma democracia, Atatürk era, na prática, um ditador, ainda que moderado. Admirador de alguns aspectos da Itália fascista e da Rússia comunista, foi, acima de tudo, um nacionalista turco militante.
Intelectocracia
A Intelectocracia mais não é do que o poder entregue aos intelectuais, ou pessoas de grande cultura. Existe apenas no plano teórico, já que nunca foi realmente institucionalizada.
Fontes: Dicionário Priberam; Nova Enciclopédia Larousse; Wikipedia
Saturday, June 2, 2007
Visão n.º 743 - Políticos no Divã
Transcrevo:
"Exmos. Srs.,
A revista Visão merece-me o maior respeito. Elogio a forma como, ao logo dos anos, tem feito jornalismo de uma forma criteriosa e imparcial. É por isso, que não posso deixar de lamentar a forma como é publicado um artigo em que se traça o perfil psicológico de algumas das figuras políticas mais destacadas do nosso país, e se chega ao cumulo de se afirmar que o Sr. Primeiro Ministro, o Eng.º José Sócrates, “noutro contexto histórico, teria características para ser ditador”, tudo isto, segundo me apercebo, com base na avaliação psicanalítica da imagem pública do Chefe de Governo, o que não me parece ser coerente, até a nível científico.
Atentamente,
Dino M. V. Soares"
ACREDITO NA FERROVIA
É bem verdade que no período antecedeu a construção da Ponte Vasco da Gama, fui um acérrimo defensor da construção dessa segunda travessia a partir do Barreiro. A minha posição assentava essencialmente no seguinte: seria menos dispendioso em termos económicos, e o impacte ambiental poderia ser minimizado relativamente à solução encontrada, visto que em relação ao nosso concelho não se punha, de uma forma tão vincada, a questão do potencial efeito nefasto sobre o ecossistema da Reserva Natural do Estuário do Tejo. Mas a verdade é que essa ponte é hoje uma realidade, e qualquer análise, feita pelo Governo, ou por quem quer seja, não pode ser alheia a esse facto!
Actualmente, será exagerado exigir a construção de uma terceira rodovia sobre o Rio Tejo, numa posição tão próxima às já existentes? Eu digo que sim! Poderia, esta rodovia, vir a ser sinónimo de um desenvolvimento considerável para o Município Barreirense? Eu digo que não! Porque não entendo por desenvolvimento a construção irracional e desenfreada, e especulação imobiliária selvática, que é o que acontece no Montijo, por exemplo. Desenvolvimento está, quanto a mim, directamente relacionado com a qualidade de vida que é possível proporcionar aos cidadãos. Será vantajoso aumentar o número de habitantes à custa de possíveis desastres urbanísticos e ambientais? Aumentar o número de veículos e o volume de gases expelidos por estes automóveis no centro da cidade, conferirá bem estar às nossas gentes, situação que será agravada pela confluência da utilização desta via pelos utentes dos concelhos vizinhos, como Moita e Palmela? Digo novamente que não! Haverá quem alegue que “o desenvolvimento do Barreiro foi feito à custa da implantação de indústria química, responsável por emissões gasosas brutais, e que esse foi um preço que tivemos que pagar”. Mas não é menos verdade que o mundo de lá para cá presenciou um desenvolvimento científico enorme, e com ele a consciência ambiental que não existia. A utilização de transportes públicos é reconhecidamente um comportamento que reduz significativamente as emissões de dióxido de carbono, minimizando, consequentemente, o efeito de estufa.
Por tudo isto, considero que a opção por uma ponte com valência exclusivamente ferroviária, será a solução mais acertada. Acredito que a população do Barreiro é responsável! Acredito que podemos ser um exemplo a nível nacional, de como é possível o desenvolvimento, e a incrementação da qualidade de vida, potenciando a utilização de transportes públicos. Não me esqueço que uma ferrovia, que permita a circulação dos comboios convencionais, dos comboios de mercadorias, e do TGV, poderá vir a ter um papel decisivo da reabilitação da Quimiparque, como parque industrial/empresarial que possa atrair os melhores projectos e investidores, e até constituir-se como uma plataforma logística central no plano regional, ou mesmo nacional, que seriam, sem qualquer dúvida, uma forma de criar mais emprego. Acredito que estas serão as verdadeiras mais valias de uma ligação Barreiro – Lisboa. Dotar a futura ponte de uma componente rodoviária, para além da ferroviária já confirmada, será perder mais uma oportunidade para “pensar global, actuar local”.
Acredito na ferrovia!